Páscoa: é hoje ou no domingo?

Hoje é dia 8 de Abril de 2020. A pergunta do título faz sentido?

Para a maioria das pessoas dos países de língua portuguesa, é bem possível que esta pergunta não faça sentido. Contudo, nos países de língua inglesa esta pergunta mais fácil de entender e teria uma resposta simples. Na língua inglesa, existem duas palavras distintas, Passover e Easter. A primeira refere-se à festa bíblica que Jesus celebrou na última ceia e a segunda ao domingo após a Páscoa, onde se celebra a ressurreição de Jesus.

“17 E, no primeiro dia da Festa dos Pães Asmos, chegaram os discípulos junto de Jesus, dizendo: Onde queres que preparemos a comida da Páscoa? 18 E ele disse: Ide à cidade a um certo homem e dizei-lhe: O Mestre diz: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a Páscoa com os meus discípulos. 19 E os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara e prepararam a Páscoa.”
Mateus 26:17-19

A origem da Páscoa

A festa da Páscoa recorda a libertação do povo de Israel da escravidão no Egipto. Ao final do dia 14 do primeiro mês, Nissan, os hebreus celebraram a primeira Páscoa no Egipto. No nosso ano de 2020, o dia 14 de Nissan corresponde ao nosso dia 8 de Abril.

Na primeira Páscoa, os israelitas colocaram o sangue do cordeiro nas ombreiras das suas portas e comeram uma refeição especial. Desta forma, Deus livrou-os da última praga: a morte dos primogénitos.

“7 E tomarão do sangue e pô-lo-ão em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o comerem. 8 E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães asmos; com ervas amargosas a comerão.”
Êxodo 12:7-8

No Egipto, foi o sangue do cordeiro que livrou o povo da morte. Este sacrifício do cordeiro que trouxe ao povo de Israel uma libertação temporária, aponta para um sacrifício ainda maior, o sacrifício do próprio Messias Jesus. O fermento (que era totalmente retirado das casas) simboliza o pecado. A começar na ceia da Páscoa e durante uma semana completa, apenas se comia pão asmo (sem fermento).

Na primeira carta aos Coríntios, Paulo exorta os crentes a deixar o pecado (o fermento) e a celebrar a festa da Páscoa pois Cristo já foi sacrificado por nós.

Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós. Pelo que façamos festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os asmos da sinceridade e da verdade.”
1 Coríntios 5:7-8

A festa das Primícias

No domingo a seguir à festa da Páscoa, a qual pode calhar em qualquer dia da semana, era celebrada a festa das primícias (primeiros frutos). Nesta festa, o povo oferecia a Deus a primeira parte das suas colheitas. A primeira parte daquilo que ia servir para o seu sustento durante o ano era assim oferecida a Deus.

“10 Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando houverdes entrado na terra, que vos hei de dar, e segardes a sua sega, então, trareis um molho das primícias da vossa sega ao sacerdote; 11 e ele moverá o molho perante o Senhor, para que sejais aceitos; ao seguinte dia do sábado, o moverá o sacerdote.”
Levítico 23:10-11

Também na primeira carta aos Coríntios, Paulo explica que, ao ressuscitar, Jesus “foi feito as primícias dos que dormem”.

20 Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem. 21 Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. 22 Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. 23 Mas cada um por sua ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda.”
1 Coríntios 15:20-23

Assim como a primeira parte das colheitas era para ser apresentada a Deus, Jesus também se apresentou ressurreto a Deus neste mesmo dia (João 20:17), cumprindo assim aquele que era o significado profético desta festa.

A nossa Páscoa e as Primícias dos que são dele

Jesus é o nosso cordeiro da Páscoa! Através do Seu sacrifício, nós também podemos ser libertos da morte espiritual, que é o salário do pecado que cometemos. Assim como o sangue do cordeiro nas ombreiras das portas livrou os primogénitos dos israelitas da morte, o sangue do nosso cordeiro, Jesus, também nos pode livrar. Ele está disponível, basta que o apliquemos na nossa vida.

Assim como as primícias (primeiros frutos) implicam que haja mais colheita, a ressurreição de Jesus implica que os que são dele também irão ressurgir um dia. Por isso, neste domingo da ressureição, das primícias, nós devemos celebrar não só a ressurreição do nosso Messias, mas também celebrar em antecipação a ressurreição da Sua igreja!

Nós que já conhecemos estas verdades, vamos aproveitar esta época festiva para analisar a nossa vida e pedir a Deus para nos ajudar a ver onde ainda existe fermento (pecado). Ele tem que ser retirado da nossa vida pois nós somos a própria casa do Espírito Santo!