
“E em Jerusalém havia a festa da dedicação, e era inverno. E Jesus andava passeando no templo, no alpendre de Salomão. Rodearam-no, pois, os judeus, e disseram-lhe: Até quando terás a nossa alma suspensa? Se tu és o Cristo, dize-no-lo abertamente.”
João 10:22-24
Na festa da dedicação (ou chanuká em hebraico), os judeus celebravam a vitória sobre o exército de Antíoco IV Epifânio, o maior exército da época. Ele procurou helenizar o território de Israel, proibindo o culto judaico. O Shabbat, as restrições alimentares, a circuncisão e o estudo da Torá foram proibidas. Ele profanou o Templo ao instalar lá uma estátua do deus grego Zeus e sacrificando porcos (animal imundo segundo a lei).
Por causa dessa imposição, Matatias (um sacerdote) e os seus 5 filhos iniciam uma revolta contra o poderoso exército opressor. Esta família é conhecida como os Macabeus. Matatias morre mas, após a sua morte, um dos seus filhos, Judas (Yehudá), assume a liderança da revolta. Ao fim de poucos anos, conseguem libertar Jerusalém e purificar/re-dedicar o Templo.
Para celebrar esta vitória, os Macabeus instituem uma nova festa, inspirada nas festas que os judeus não podiam até então celebrar, porque os gregos não deixavam. A maior festa bíblica é a festa dos tabernáculos e dura 8 dias. Daí vem os 8 dias da festa da dedicação.
É neste contexto que surge a passagem de João 10. Jesus estava em Jerusalém a participar na celebração da re-dedicação do Templo. Relembrando Judas o Macabeu, alguns dos religiosos voltam a questionar Jesus se ela era realmente o Messias. Há semelhança dos dias de Judas, Israel estava novamente sob domínio estrangeiro. Desta vez porém com liberdade religiosa.
Jesus recorda-lhes as suas obras, que testificavam de si. Contudo, elas não apresentavam um Messias conforme o tipificado por Judas o Macabeu. Ao invés de líder militar, Jesus demonstrava mais preocupação com a opressão espiritual e física das pessoas. Eles viam Jesus fazer milagres que mudavam a vida das pessoas mas não o ambiente político e militar.
Ao verem Jesus ali, a sua esperança num Messias que os libertasse do jugo romano aumentou. Afinal, Jesus estava a celebrar não só uma vitória espiritual mas também uma grande vitória militar! Talvez fosse o início de um momento novo. Se uma pequena família de sacerdotes foi capaz de liderar uma revolta militar, Jesus também poderia ser esse tipo de líder.
Contudo, não era esta a missão de Jesus. Na sua primeira vinda, ele não libertou Israel do domínio romano mas celebrou a re-dedicação do Templo. Aliás, ele foi zeloso com a pureza do Templo! (João 2:13-17)
Podemos pensar que esta festa não tem qualquer interesse hoje em dia. Afinal hoje não temos um templo físico. Contudo, o apóstolo Paulo recorda-nos:
“Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?“
1 Coríntios 6:19
Examina o estado do teu templo e re-dedica-o se necessário!