
Por esta altura do ano, os judeus celebram a festa do Purim. O livro de Ester conta-nos a história desta festa. O Purim não é uma das 7 festas instituídas por Deus, mas celebra o livramento que Deus deu ao seu povo judeu que se encontrava sob o domínio do império medo-persa. Apesar de não conter referências diretas ao nome de Deus, é notória a Sua presença no desenrolar dos acontecimentos narrados neste livro.
Ester era uma jovem judia que ficou órfã ainda cedo e foi criada pelo seu primo, Mordecai (Ester 2:7). O livro não conta o que se passou com os pais de Ester nem como foi a sua infância mas certamente não terá sido fácil. Ester foi escolhida pelo rei para ser a sua esposa. Contudo ela não revelou que pertencia ao povo judeu, seguindo a ordem do seu primo.
Algum tempo mais tarde, um servo do rei chamado Hamã foi exaltado de maneira que todos os restantes servos se deviam inclinar e prostrar perante ele. Foi aqui que começaram os problemas do povo judeu. Mordecai recusou-se a prostrar perante Hamã, múltiplas vezes (Ester 3:2-4). Tal como Mordecai, os judeus preferiam cumprir a lei de Deus quando levados a escolher entre desobedecer a Deus ou ao rei.
E Hamã disse ao rei Assuero: Existe espalhado e dividido entre os povos em todas as províncias do teu reino um povo, cujas leis são diferentes das leis de todos os povos, e que não cumpre as leis do rei; por isso não convém ao rei deixá-lo ficar.
Ester 3:8
Este era o povo que anos antes havia sido expulso da sua terra, precisamente por ter abandonado Deus. Mordecai e muitos do seu povo estavam finalmente a aprender a lição com o que Deus tinha feito aos seus antepassados.
Hamã, furioso com Mordecai e o seu povo, lançou sortes (daqui surge o nome da festa) para saber em que mês e dia os judeus deviam ser executados. A data prevista era o dia 13 do mês de Adar (o 12º mês do ano do calendário Bíblico). Hamã propôs-se a pagar ao rei dez mil talentos de prata em troca desse povo. O rei, por sua vez, ofereceu essa prata e o povo a Hamã para ele fazer o que entendesse (Ester 3:9-11). O livro não é claro se o rei tinha consciência de que povo se tratava, mas demonstra a total confiança que o rei depositava em Hamã. A lei que decretava a extermínio dos judeus foi então redigida na véspera do dia em que eles deviam celebrar a grande libertação da escravidão do Egipto, a festa da Páscoa!
A reação dos judeus
Ao saber da notícia, Mordecai e os judeus não esconderam a sua tristeza e desespero. Mordecai pede a Ester que suplique pelo povo ao rei. Ester teme pela sua própria vida e fica e Mordecai responde-lhe:
Então Mordecai mandou que respondessem a Ester: Não imagines no teu íntimo que, por estares na casa do rei, escaparás só tu entre todos os judeus.
Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento de outra parte sairá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?
Ester 4:13,14
Mordecai sabia que os judeus seriam salvos desta execução independentemente do papel que a sua prima pudesse desempenhar. Ele temia a Deus mais do que aos homens e sabia, pelos profetas, que a história do seu povo não ia terminar no final desse ano!
Ester podia escolher fazer parte desse livramento ou esperar que Deus livrasse o seu povo de outra forma qualquer. Perante isto, Ester fez a escolha certa, não confiando em si mesma mas pedindo ao seu povo para que jejuasse com ela, antes de se apresentar ao rei. É após esse jejum do povo que vemos Deus a intervir claramente no desenrolar da história para livrar o seu povo. No final do livro, Mordecai e Ester instruem os judeus a celebrar esta nova festa, para que se possam recordar deste fantástico livramento de Deus em todas as suas gerações
Eis algumas reflexões esta história nos convida a fazer:
A quem tememos mais do que a Deus?
Será uma pessoa? Será um novo vírus?
A tua vida está nas mãos de Deus, é Ele quem determina os teus dias.
As nossas convicções são moldáveis?
Ficamos firmes quando somos desafiados a desobedecer a Deus? Ou escolhemos não colocar a nossa vida/reputação em risco?
Deus deseja que nós colaboremos com Ele na Sua obra.
Mas Ele não tem só uma forma de a fazer. Podemos escolher fazer parte dela ou não.
Deus pode colocar-nos numa determinada posição por causa de uma única decisão ou tarefa.
À semelhança de José, Deus usou o percurso de Ester para a preparar para aquele momento. Deus pode estar a usar as circunstâncias da nossa vida para nos preparar para algo. Estamos nós conscientes disso e a colaborar com Ele nessa preparação?
Deus está presente e no controlo, mesmo quando isso não é imediatamente perceptível.
Ester e Mordecai estavam longe da sua terra, sem templo, sem profeta e sem revelação direta da parte de Deus. No entanto, no meio deste deserto espiritual, Deus mostrou-se presente. Ele permaneceu fiel e livrou o seu povo. Deus permanece fiel, mesmo nos desertos da tua vida!